Geralmente medimos o preço do ouro em US$ por onça. E, graças a essa escala, nós sabemos que o ouro está muito abaixo dos seus valores máximos atingidos em 2011, quando este atingiu os 1.914 US$. Em termos do dólar americano, o ouro está agora a formar um fundo. No entanto, o que passou despercebido para a maioria dos ocidentais é que, em muitas outras moedas, o ouro está a mover-se para novos máximos históricos.
Em dólares americanos, o preço do ouro foi suprimido há já algum tempo. O gráfico a longo prazo, que pode ser visto embaixo, descreve o mercado em alta do ouro entre 2000 a 2012 e a sua queda subsequente. Desde meados de 2016, o preço do ouro tem sido estado numa verdadeira montanha-russa, com altos e baixos, amplamente limitados a um padrão lateral.
Muitos comentadores e especialistas, incluindo Dimitri Speck, durante a sua entrevista na conferência “O Futuro do Ouro”, em março deste ano, consideram que se está a formar uma perfeita tempestade para o valor do ouro. Em contrapartida, muitos investidores, no hemisfério ocidental, estão decepcionados com o desenvolvimento dos seus preços.
É claro que tudo é uma questão de perspectiva: enquanto o ouro está a ser evitado por muitos investidores ocidentais, este está com alta demanda em outros lugares. Na Índia, por exemplo, o ouro é comprado a níveis recordes, com barras de ouro para investimento, mas também, de forma muito significativa, na forma de jóias e moedas.
Isso tem muito a ver com as moedas. O dólar americano está numa fase forte do seu ciclo, nos últimos anos. No entanto, os investidores em países com moedas enfraquecidas não estão a pensar em dólares. Estes pensam nas suas moedas domésticas.
Os gráficos a seguir mostram por que estes países ainda aforam o ouro e têm protegido a sua riqueza com este. Nessas moedas, o ouro reteve o seu valor, enquanto o dinheiro fiduciário continua a perder valor.
No grande esquema das coisas, o dólar americano pode ser visto como uma exceção. A questão é se – ou por quanto tempo – o dólar dos EUA permanecerá na sua atual fase tão forte. Afinal, a longo prazo, o dólar tem se desvalorizado continuamente em relação às moedas internacionais, como o franco suíço, ou contra o ouro.
Muitos fatores, sobretudo o aumento de outras moedas internacionais, como o Yuan chinês, bem como o nível exorbitante e crescente de endividamento na América, apontam para uma visão cautelosa sobre a força do dólar. Na nossa opinião, o tempo pode ter chegado p pensar um pouco mais como um índio.